segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Capítulo 43: A Guerra dos Cem Anos

Estamos em uma época onde os reinos europeus estão começando a surgir a ficarem cada vez mais poderosos. O que marca a definição dos mais poderosos da época, Inglaterra e França, é a Guerra dos Cem Anos.

Em 1337 a França perdeu o seu rei e o trono ficou vazio. Com o pretexto de manter a linhagem sanguínea real, o rei Eduardo III da Inglaterra, que era sobrinho por parte de mãe do antigo rei francês. Porém havia outro concorrente, Filipe de Valois. Ele também era sobrinho do antigo rei, mas por parte de pai.
A Assembleia Francesa utilizou da Lei Sálica (criada pelo rei Clóvis, do Reino Franco que viria a se tornar a França) para escolher o herdeiro. Essa lei define que deve-se seguir a linhagem paterna, e então Filipe de Valois foi eleito rei, se tornando Filipe VI.

Então, no mesmo ano de 1337, os ingleses iniciaram uma guerra para conquistar a França. 

Em 1346 houve o primeiro grande conflito, a Batalha de Crécy. Os franceses foram ao confronto com um exército de quase 40 mil homens, enquanto os ingleses tinham apenas 12 mil. Porém Eduardo III era um bom estrategista e foi ajudado pelo tempo.
Uma chuva havia atingido o campo de batalha na noite anterior ao confronto. Isso danificou as bestas dos genoveses, mercenários contratados pelos franceses. Então Eduardo III posicionou seu exército no topo de uma colina. Na hora da batalha os cavaleiros franceses não conseguiam subir a colina enlameada. 



Os ingleses tinham como principal arma o arco longo. Algo semelhante era usado pelos mongóis na época de Gengis Khan. O arco era leve e seu tamanho e método de fabricação permitiam um fácil manuseio, seu formato dava mais força a flecha, exigindo pouco esforço do arqueiro. Uma flecha disparada por esse arco atingia mais de 400 metros com força suficiente para perfurar uma armadura. Outra arma dos ingleses era o canhão de pólvora. Era a primeira vez que essa arma era usada em uma guerra de grande porte. Porém eram muito arcaicos, e faziam mais barulho do que danos.



Logo depois Eduardo III venceu a Batalha de Calais, afirmando domínio sobre mais alguns territórios, além do Canal da Mancha. Porém naquele tempo a Europa foi afetada pela Peste Negra, e a guerra deu algumas breves pausas.



Quando as batalhas retomaram, Eduardo III já contava com o apoio de muitos outros reinos, como Navarra. Um de seus principais comandantes era seu próprio filho, Eduardo de Woodstock. Com 16 anos ele havia liderado parte do exército inglês em Crécy e agora chefiava uma força maior. Ganhou o apelido de Príncipe Negro, pela cor de sua armadura.

Em 1360, os franceses assinaram o Tratado de Brétigny, que dava aos ingleses alguns territórios da França, em troca da desistência de Eduardo III em relação ao trono.

O tempo passou, até que Carlos V assumiu o trono da França em 1364. Ele quis desfazer o tratado e reiniciou a guerra, tentando buscar de volta seus territórios. Conseguiu significativas vitórias, até falecer em 1380, onde a França sossegou. Pouco antes, em 1377, Eduardo III havia morrido, deixando seu filho Ricardo II no poder.

Mas logo uma série de revoluções internas começaram a acontecer na Inglaterra. O mesmo ocorreu na França. Em 1415 a guerra voltou com tudo na Batalha de Azincout. O rei inglês Henrique V saiu vitorioso sobre as forças do atual rei Carlos VI.



Henrique V obrigou o rei a assinar o Tratado de Troyes em 1420, que dava quase todos os territórios franceses à Inglaterra. Logo depois Henrique V se casou com a filha de Carlos VI, e obrigou o rei a deserdar seu filho. Com tudo issso Henrique V se tornou herdeiro do trono.

Porém Henrique V morreu no mesmo ano que Carlos V, em 1422, deixando o trono com Henrique VI, que na época era apenas um bebê. Por isso os dois reinos foram governados por nobres como João Duque de Bedford e Houmphrey Duque de Gloucester. O domínio estrangeiro na França era desfavorável aos camponeses pobres. Mas o filho de Carlos VI, Carlos VII, conseguiu reassumir o reino francês, que estava dividido.



Uma camponesa, Joana D'Arc, alegou ter tido uma visão em que Deus lhe ordenara como libertadora da França. Ela atraiu um grande número de camponeses, que conseguiram expulsar alguns ingleses. Isso chamou a atenção de Carlos VII, que começou a favorecê-la e colocá-la como comandante do exército francês. Joana D'Arc ganhou a oposição de líderes militares, que sentiam inveja dela por suas conquistas, então tramaram contra ela.



Em 1431, Joana D'Arc foi condenada por bruxaria e queimada viva na cidade de Rouen. Ela se tornou uma mártir, o que incentivou os franceses. 



E os ingleses começaram a ter problemas internos, quando os descendentes de Eduardo III começaram a brigar pelo trono, na chamada Guerra das Duas Rosas.
Como resultado, em 1453, os ingleses perderam seu último território na França, na Batalha de Castillon. É então assinado o tratado de paz, finalizando a guerra após 116 anos.



Com o fim da guerra a Inglaterra nunca mais voltou os olhos para a França. Esse confronto atrasou os dois reinos na expansão marítima, permitindo que Espanha e Portugal avançassem mais sobre os mares no início. Além do mais, os nobres que morriam na guerra tinham seus territórios tomados pelo rei, e isso ajudou a acabar com o sistema feudal, centralizando as terras e o poder no rei.

Alguns afirmam que o fim da Guerra dos Cem Anos marca o fim da Idade Média, mas vamos tratar de outra hipótese.
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Até a próxima postagem!

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