sábado, 28 de dezembro de 2013

Capítulo 48: As civilizações da América

Como vimos no capítulo anterior, os povos da Europa se lançaram aos mares em busca de novas rotas comerciais e terras produtivas.

A maior descoberta desse tempo foi o continente da América. Existem algumas divergências sobre quem descobriu esse continente. Acredita-se que os primeiros a chegarem na América foram os vikings, no século X. Porém eles não mantiveram grande influência e abandonaram as terras devido aos constantes ataques dos nativos (que eles chamavam skraelings) aos seus acampamentos.


Os chineses também alegam terem chegado depois dos vikings, no século XV. Documentos indicam que o almirante chinês Zheng He foi o primeiro. Mas por algum motivo nenhum dos dois povos se fixaram.

Mas quando perguntamos quem descobriu a América, quem é citado é sempre Cristóvão Colombo. De fato ele chegou a América, acidentalmente, em 1492.

Colombo foi seguido por diversos exploradores e navegadores que queriam se aproveitar das novas terras. Isso porque ela era abundante em animais, plantas e árvores, que nunca haviam sido vistos antes. Mas a América não estava despovoada, pelo contrário, haviam muitos nativos aqui. E eles formavam civilizações no nível da Antiguidade. Entre as principais civilizações estavam os astecas, os maias e os incas.

Os astecas viviam onde hoje é o México. Eles eram muito organizados politicamente. Haviam várias cidades-Estado, cada uma chefiada por um tipo de rei, porém todos submissos ao imperador. Acredita-se que no século XIV a capital do império foi fundada, Tenochtitlán
Eram uma civilização militarista e valorizavam muito a guerra. 



Um costume asteca é que realizavam sacrifícios humanos para seus deuses. Geralmente prisioneiros de guerra eram sacrificados no alto de grandes templos, que os próprios astecas construíam. Eram centenas por dia, em honra ao deus sol, para que ele pudesse se alimentar e brilhar todo dia. Havia até o macabro sacrifício de dezenas de crianças, na crença de que seu choro se tornaria chuva para as plantações.



Desenvolveram uma agricultura notável, principalmente em relação ao milho e ao cacau. Também eram muito avançados cientificamente. Já tinham entendimento sobre anatomia humana, estações do ano e conseguiam identificar constelações no céu e as associavam ao cotidiano. A matemática também era muito desenvolvida.
Em 1519 o explorador espanhol Hernán Cortez chegou a Tenochtitlán. Ao ver aquele homem vestido e com aparência totalmente diferente das do povo, o imperador asteca Montezuma achou que Cortez era um deus. Cortez é bem acolhido, porém ele prende Montezuma.
Em 1520, os espanhóis liquidaram os astecas e tomaram o seu território.



Na região das atuais Guatemala e Honduras, existiam os maias. Eles também eram desenvolvidos na questão da agricultura, plantando principalmente milho e feijão. Também possuíam bom conhecimento em astronomia, chegando a criarem um calendário com 365 dias. 



Acreditavam que o mundo existiriam por eras ou ciclos. O fim do calendário maia indicaria o fim do mundo, fato que causou conturbações no ano de 2012, suposto fim do mundo para os maias. Tinham até o próprio observatório astronômico, o templo de Kukulkan.



O fato de nunca manterem um império centralizado era seu ponto fraco. Nem capital eles tinham. Haviam apenas cidades formadas por donos de terras e seus servos e os sacerdotes. Construíram diversas cidades em pedra, como a cidade de Palenque.
Foram conquistados por diversos grupos de colonizadores espanhóis, como os de Hernán Cortez e Hernandes de Córdoba.



Os incas viveram onde hoje está o Peru, o Chile, a Bolívia e quase toda a extensão da Cordilheira dos Andes. Os incas foram gênios na engenharia civil e arquitetura, conseguindo erguer enormes cidades de pedra na região montanhosa do Andes. Um exemplo é a cidade de Machu Picchu.



O império Inca tinha como capital a cidade de Cusco, onde o imperador mantinha controle sobre tudo. O Império Inca foi o maior entre os três que citei. Porém uma briga entre dois irmãos pela sucessão levou ao desequilíbrio do império.
Isso facilitou o domínio pelas forças do espanhol Francisco Pizarro.



Existem diversos fatores que facilitaram a conquista espanhola. Os europeus trouxeram consigo muitas doenças, como a varíola e a gripe, que acabaram por infectar os nativos, que nunca tiveram contato com elas e não possuíam muita imunidade. Os europeus também chegaram em grandes navios, usando trajes diversos e portando armas de fogo. Isso era algo divino para os nativos, e acabavam considerando seus futuros opressores como deuses.


_ _ _ _ _ _ _ _ _

Até a próxima postagem!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Capítulo 47: A Era das Grandes Navegações

Por volta do século XVI a Europa foi ficando com os seus reinos cada vez mais definidos. As monarquias se fortaleciam, assim como a burguesia. Mas o comércio estava ficando abalado.
A Constantinopla, que formava um ponto principal na rota Ocidente-Oriente. Então era necessário arranjar novas rotas. A solução era ir pelo oceano. Muitos povos já usavam o oceano para o comércio. Os vikings são um exemplo.

A chamada Rota da Seda foi cortada. Ela era o principal caminho de ligação entre a Índia e a China com a Europa. Pela Rota da Seda os comerciantes traziam as iguarias do Oriente, como a própria seda (apreciada e usada somente por reis), temperos, incensos e muitas outras mercadorias. Destaca-se inclusive Marco Polo, talvez um dos maiores mercadores da história, que realizou grandes caravanas de viagens através da Rota da Seda. Porém ela cortava Constantinopla, que agora era dos turcos muçulmanos, que proibiam qualquer ação dos católicos europeus.




Voltando um pouco, no século VIII a Península Ibérica estava tomada por muçulmanos, que eram chamados de mouros. Alguns poucos reinos católicos se formavam por lá, como Leão, Castela, Navarra e Aragão. Os reinos de Castela e Navarra se unem para expulsarem os mouros e retomarem o território. Liderados por Afonso VI, a guerra de Reconquista tem início. Afonso VI teve a ajuda do francês Henrique de Borgonha.
Como agradecimento pela ajuda, Afonso deu a Henrique um território, que foi chamado Condado Portucalense. A partir daí esse território foi evoluindo, até se tornar o Reino de Portugal. Só para constar, os quatro reinos que citei no começo se unem e formam a Espanha.


Avançando alguns anos, voltamos ao século XVI. Portugal foi o primeiro a avançar com vontade sobre as águas do Oceano Atlântico. Um fator importante para esse pioneirismo português foi a criação da Escola de Sagres pelo Infante Dom Henrique, que reunia grandes astrônomos, navegadores, cartógrafos e estudiosos. 



Muitas inovações técnicas ocorreram, como a invenção da caravela, um tipo de barco com velas que velejava com grande velocidade e era fácil de ser manipulado. Alguns instrumentos foram aperfeiçoados, como o astrolábio e a bússola.



Mas Portugal não foi o único. Logo depois a Espanha também investiu na navegação. Alguns reinos, como Inglaterra, Holanda e França não tiveram tanto êxito no começo, recorrendo à pirataria.

Porém navegar era algo misterioso para a época. Havia muitas crenças sobre monstros marinhos, sereias que atraíam os marinheiros para o fundo do oceano, além de tempestades gigantescas que afundavam qualquer navio. E havia ainda a crença de que a Terra era plana, e quando o navio chegasse a beira de Terra ele cairia em um abismo infinito. Veja exemplos de mapas da época:



Porém o genovês Cristóvão Colombo realizou diversos estudos para provar que a Terra era redonda. Para provar ele conseguiu apoio da Espanha e se lançou ao oceano, com o objetivo de chegar à Índia. Mas, em 12 de outubro de 1492, ele acabou chegando em outro lugar, um território desconhecido até então: a América. Pensaram se tratar de uma ilha, mas não tinham ideia de que tinham chegado a um continente.



O português Vasco da Gama foi o primeiro a conseguir chegar a Ásia contornando a África em 1498. 



Bartolomeu Dias, também português, quase conseguiu, chegando até o Cabo da Boa-Esperança, na África, antes de Vasco da Gama.




Inspirado, Fernão de Magalhães foi o primeiro a conseguir dar uma volta ao mundo navegando, provando que a Terra era sim redonda. Ele chegou ao fim da jornada, que durou de 1519 até 1522, com um único navio, o Victoria.



Agora que a maior parte dos medos foi combatida, muitos navios partiam da Europa. Agora o objetivo principal não era só a Ásia, e sim o novo continente, que foi nomeado em homenagem ao explorador Américo Vespúcio.



Porém o território já estava ocupado...


_ _ _ _ _ _ _ _ _

Até a próxima postagem!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Capítulo 46: As Reformas Religiosas

A Igreja Católica ainda cometia alguns abusos no século XVI. Mas agora as pessoas tinham uma visão diferente do mundo, graças aos ideais do Renascimento.
Agora, com a decadência de fiéis, a Igreja começava a cobrar impostos mais altos. Além do mais, membros do clero desrespeitavam muitas leis da Igreja. Era a época em que grandes construções católicas eram erguidas, como a Basílica de São Pedro. Para isso era necessário muito dinheiro. A venda das indulgência era uma forma de arrecadar. Seria um preço para que os pecados fossem absolvidos.

Além do mais, a Igreja tentava lucrar demais e isso enfurecia a burguesia. Os burgueses estavam instaurando o capitalismo, um sistema que valoriza muito o capital.

Até que o monge alemão Martinho Lutero resolveu rebelar-se contra os dogmas da Igreja. Ele foi até a Igreja de Wittenberg e fixou na porta um papel com 95 teses da nova doutrina que criara, o Luteranismo.
Lutero condenou a venda de indulgência, a simonia (venda de objetos que são considerados sagrados) e o nicolaísmo (quebra do celibato). Sua nova religião tinha dois ideais básicos: a justificação pela fé, onde a pessoa não precisa livrar-se de seus bens ou ter uma "vida santa" para ser salvo", e sim apenas ter fé em Deus; e a Ideia do Livre-Exame, onde cada pessoa poderia ler e interpretar a Bíblia da forma que quisesse, agora que a impressão de Gutenberg permitia que cada um tivesse sua própria Bíblia.



Na França, o monge João Calvino teve contato com as ideias de Lutero e criou o Calvinismo. Nessa doutrina o principal ideal era o da predestinação divina, em que cada pessoa era predestinada ou não a salvação, independente de sua vida na Terra. Calvino foi perseguido, mas sua religião se expandiu. Na Escócia, John Knox conseguiu espalhar tanto o Calvinismo que ele foi adotado como religião oficial, e o Catolicismo foi proibido. Mas na Escócia o nome da religião era Presbiterianismo, porém com tudo igual.




Na Inglaterra, quase no mesmo período, quem reinava era o católico Henrique VIII. Em 1527, Henrique VIII estava preocupado porque não tinha nenhum herdeiro homem, por mais que tentasse. Então ele pediu ao papa Clemente VII para poder se separar de sua esposa, Catarina de Aragão, para evitar que seu relacionamento com outra fosse considerado adultério. O papa recusou, já que o divórcio era algo proibido na época. Além do mais, o pai de Catarina de Aragão, que era rei da Espanha, estava ajudando a Igreja ao caçar os luteranos.



Então, em 1534,  Henrique VIII criou o Ato de Supremacia, onde fundava o Anglicanismo e o tornava religião oficial da Inglaterra. O Anglicanismo detinha todos os dogmas da Igreja Católica, porém permitia o divórcio.
Como resposta a tudo isso, em 1545 a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento, onde foi aprovada a Contrarreforma Católica. Foram definidos novos conceitos da igreja: a proibição da venda de indulgências, a criação de seminários para formar membros do Clero, a proibição do livre-exame da Bíblia, e o estabelecimento de tudo que o Papa ordenar é inquestionável. Também foi publicado o Index Lobrorum Prohibitorum, um guia de livros proibidos de serem lidos por católicos, como os livros de Galileu, Copérnico e Maquiavel. Houve ainda a volta da Inquisição, que agora perseguia os que seguiam outras religiões.



Era um caos no mundo religioso da época, porém contribuiu para o estabelecimento de alguns estados nacionais.


_ _ _ _ _ _ _ _ _

Até a próxima postagem!

sábado, 14 de dezembro de 2013

Capítulo 45: O Renascimento

É sujeito a discussão o real motivo pelo qual classificamos o fim da Idade Média. Seja o fim da Guerra dos Cem Anos ou a queda de Constantinopla. Porém sabemos que o período de transação entre essas duas eras foi o Renascimento, nos séculos XV e XVI.

O Renascimento se chama assim porque foi a forma da humanidade renascer depois da Idade das Trevas, marcada por fome, doenças e perseguições.

O que marcou o início do Renascimento foi a valorização da cultura da Antiguidade, principalmente a grega e a romana. Isso inspirou muitos artistas. Na mesma época a Itália sofria uma ascensão comercial enorme, devido a sua posição privilegiada no Mar Mediterrâneo, que a tornava ponto principal para visitantes e mercadores. Surgia uma nova classe social, a burguesia, pessoas ricas mas que não eram donos de terras, e que acabou por colocar fim ao sistema feudal.
Os comerciantes italianos lucravam demais e então começaram a financiar artistas. O Renascimento Artístico foi marcado por obras que duram até hoje.

O italiano Sandro Botticelli trabalhou muito na Capela Sistina, residência do Papa no Vaticano. Entre seus trabalhos mais reconhecidos está a pintura "O Nascimento de Vênus", de 1483

Outro italiano influente foi Michelangelo. Ele realizou vários trabalhos, entre os principais os afrescos e pinturas na Capela Sistina, que são atração até hoje. Mas também se destacou na escultura, como em sua obra "Davi", que mostra uma riqueza de detalhes nunca vista antes em relação ao corpo humano.


Outro italiano famoso foi Rafael Sanzio, autor de diversos trabalhos de pintura e arquitetura, como "Escola de Atenas".



Mas não foi só a arte que evoluiu. Novos pensamentos e filosofias começavam a surgir. Na Idade Média, o que dominava era o Teocentrismo, ou seja, Deus é o centro de toda a importância do Universo. Mas no Renascimento surgiu uma nova ideia, o Antropocentrismo, em que o Homem (no sentido de humano) é o centro mais importante do Universo. Dessa ideia surgiu o Humanismo.

Foi também o tempo da evolução da Ciência. Com o enfraquecimento do poder da Igreja, pensadores e cientistas tinham liberdade para estudar e divulgar suas pesquisas sem medo de serem perseguidos. Muitos cientistas recuperaram os pensamentos da Antiguidade e os corrigiram ou aperfeiçoaram.
No chamado Renascimento Científico, destacam-se alguns cientistas.
Em 1543, o polonês Nicolau Copérnico mostrou ao mundo sua obra "De revolutionibus orbium coelestium", com a teoria do Heliocentrismo, que dizia que o Sol estava no centro do que denominou Sistema Solar, e que os planetas orbitavam a sua volta, diferente da ideia que se tinha até então, de que a Terra estava no centro do Universo, com demais planetas e o Sol girando a sua volta.


Logo depois o italiano Galileu Galilei comprovou o Heliocentrismo, usando um equipamento que ele mesmo desenvolvera, o telescópio. Galileu também trabalhou com questões da Mecânica, como o movimento dos corpos, e também começou a pensar sobre a gravidade.


Baseado nessas ideias, o astrônomo alemão Johannes Kepler continuou as observações ao espaço e criou as Leis de Kepler, que descrevem o básico sobre a movimentação dos corpos celestes em torno do Sol.


A medicina era algo místico na época. Porém o que se conhecia era o básico do básico sobre o corpo. Algumas pessoas revolucionaram esse pensamento, como o belga Andreas Vesalius. Como o estudo aprofundado do corpo humano era malvisto pela sociedade e principalmente pela Igreja, Vesalius roubou corpos em cemitérios para estudá-los. Então ele lançou sua obra revolucionária, "De humani corporis fabrica" , que descrevia muito bem a anatomia humana, desde órgãos até músculos e estruturas ósseas.

Talvez o maior gênio do Renascimento seja o italiano Leonardo Da Vinci. Ele se destaca no Renascimento Artístico e Científico. Desenvolveu trabalhos em áreas como engenharia, anatomia, biologia, química, física, astronomia, mecânica, além de pintar quadros famosos, como "A Última Ceia" e talvez a pintura mais famosa do mundo, "Mona Lisa". Ele era um homem muito a frente de seu tempo, visto que seus projetos demonstravam ideias de máquinas de voo, muito semelhante a helicópteros, roupas de mergulho que permitiam respirar debaixo da água, além de máquinas de guerra, como um canhão de múltiplas bocas, com funcionamento semelhante ao das metralhadoras atuais.

E esses pensamentos puderam se espalhar com velocidade pelo mundo graças a Johannes Gutenberg. Ele foi o inventor dos tipos móveis, uma máquina que era preenchida com carimbos embebidos em tinta que eram prensados sobre o papel. Gutenberg criou uma melhor forma de imprensa, que agilizava a produção de livros, anteriormente copiados a mão, um a um.


E foi assim que surgiu o Renascimento Literário. O italiano Dante Alighieri é o maior destaque. Ele é autor de um dos maiores clássicos da história, "A Divina Comédia", onde descreve uma viagem pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, e está sujeito a interpretações desde séculos atrás.



O também italiano Nicolau Maquiavel publicou o livro "O Príncipe", onde expõe seu pensamento sobre política, onde o governante deve dispor de força e astúcia, usar todos os métodos que tiver para conseguir atingir seus objetivos.



Na Inglaterra tivemos William Shakespeare, talvez o escrito mais famoso do mundo, autor das obras literárias mais conhecidas, como "Romeu e Julieta", que já foi traduzida em dezenas de idiomas e adaptadas a todos os meios de comunicação atuais.


Na Espanha, destaca-se Miguel de Cervantes, com sua famosa obra "Dom Quixote de la Mancha", que era uma crítica a cavalaria da Idade Média.



E em Portugal, destaca-se Luís de Camões, um famoso navegador que descrevia suas jornadas marítimas, acrescentando fantasias, e publicou "Os Lusíadas".

Essas múltiplas evoluções proporcionaram uma mudança radical nos pensamentos da Humanidade, que abrem as portas para a Idade Moderna.

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Até a próxima postagem!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...